Cabine número 3

Acordei apressada, mal conseguira pregar os olhos durante a noite o nervosismo era maior do que eu. Levantei as pressas e acabei me enrolando nos cobertores e indo parar no chão. – Porque eu durmo com três cobertores mesmo? – Chutei-os para longe e corri para o banheiro. Assim que sai do banho devidamente vestida e arrumada, voltei para meu quarto e chequei as malas. – Roupas; certo, materiais; certo, livros; certo... É parece que esta tudo aqui. Desci para tomar café com os de mais membros de minha família – Que não era nada pequena –, e após isso passei o dia ajudando as minhas primas à se ajeitarem.

As horas passaram-se rapidamente, mal notara. Chequei o enorme relógio que ficava em meu quarto; seus ponteiros marcavam exatamente 17:45. – A droga, droga, droga, eu vou me atrasar! Ou melhor, já estou atrasada. – Porque ninguém nessa casa me avisou? Teria quer ir sozinha até a plataforma já que mamãe e papai são professores e deveriam chegar antes que os alunos em Hogwarts. Tive dificuldade para descer a minha mala até o Hall de entrada, estava tão afobada que nem passara pela minha cabeça pedir ajuda a alguém. Assim que passei pela porta de entrada notei o lindo carro preto que estava parado ali, o motorista mantinha a porta aberta o mesmo subiu as escadas e apanhou minha mala levando-a até o porta-malas, cheguei minhas coisas mais uma vez. – Espera, espera, cadê o Chesihire? – Voei para dentro de casa e procurei o gato que nem louca, por sorte o achei na cozinha. – O que você está fazendo ai? Vamos. – Gritei para o gato que apenas olhou-me e voltou a deitar-se, andei até o mesmo apanhando-o. – Você vai querendo ou não. Voltei para fora e entrei no carro. Como previsto, seu interior era sofisticado e moderno, logo o motorista deu a partida levando-me para a plataforma.

Assim que pisei na Estação de King's Cross corri para a plataforma indicada por minha mãe, encarei seriamente a parece de tijolos que ficava entre mim e o trem, que muito provavelmente já devia estar de partida. – Vamos Alaska, coragem! – Vários jeitos de bater de frente com aquela parede passaram pela minha cabeça, sacudi-a a fim de espantar tais pensamentos. – No três... 1... 2... 3. – Fechei os olhos e corri em direção a parede, logo senti uma leve brisa, abri os olhos e vi que estava na plataforma 9/³4, identifiquei muitos conhecidos ali entre eles Meena e Selene, Meena também olhou para mim, fiz um gesto indicando que a aguardaria dentro do trem a mesma apenas acenou em concordância. Entrei no trem e segui para o vagão dois, passei por muitas cabines cheias de crianças que se despediam de seus pais. Assim que cheguei ao vagão dois procurei alguma cabine vazia ou parcialmente vazia, por sorte encontrei uma; cabine de número 3, arrumei um canto para minha mala e sentei em uma cadeira fazia. Olhei em volta, para os detalhes do vagão; mesas quadradas de cor escura colocadas em fileira, com bancos em volta, acolchoados com um veludo verde escuro, com espaço para duas pessoas em cada banco, totalizando quatro pessoas em cada mesa. O vagão em si tinha seu charme. Lancei meu olhar para a plataforma e comecei a observar as pessoas em quanto Meena e Selene não chegavam.

Não demorou muito para que Meena aparecesse com Selene; tinha quase certeza que conheci Selene em uma visita que fiz com minha família à Paris; todos estavam tirando fotos bem em baixo da torre Eiffel quando acabei por tropeçar em alguma coisa e esbarrei em Selene – Acho que era ela –, acabamos por conversar e acabei descobrindo que ela era bruxa também. Meena entrou toda sorridente no vagão, mas seu sorrio logo murchou quando viu Alex; seu irmão, e então veio reclamou sobre ele estar ali. – Não foi acordada também? – Perguntei sobre seus pais e a mesma disse que tiveram de sair, contei-a que já que Helena e Kolman eram professores e diretores das quatro grande casas precisavam chegar lá antes que nós alunos. Olhei para Selene que parecia não me reconhecer. – Se eu não estou engana você é a menina que eu esbarrei a mais ou menos uns seis meses lá em Paris, em baixo da torre Eiffel. – Sorri para a menina e olhei para Meena novamente. – Desculpe pelo Alex. – Disse referindo-me ao fato dele estar ali conosco. – Entrei tão depressa que nem vi ele ali. – Com um solavanco o trem começou a andar, mal percebera que estava segurando o ar. – Então meninas querem fazer o que? – Meena pareceu indecisa, olhei para Selene em busca de uma resposta mas a mesma lia uma revista, joguei o corpo em cima da mesa que nos separava e puxei a revista de sua mãe, Selene olhou-me de uma forma interrogatória, levantei o dedo indicador bem próximo ao seu rosto e o mexi de um lado para o outro indicando um “não”. – Não, não, vamos fazer algo nós três. Nada de se isolar. – Compreendia o fato da meninas não ter gostado, tinha o péssimo habito de ser chata as vezes. – E então Meena? O que a senhorita filha da ministra deseja fazer? Provoquei a mesma, sabia que ela não gostava de  ser chamada assim.

Não tinha muito o que fazer naquela cabine, então fiquei sentada na minha, enquanto observava Meena me fitar com um olhar furioso. (Acho que não gostou muito do meu comentário.) Desviei meu olhar do dela, pois não queria provoca-la ainda mais. Alex deu um assobio que chamou a atenção de Meena, não entendi muito bem pois estava distraída com a figurinha que acabara de ganhar. Não passou muito tempo ouço sussurros que vinha da Meena para o seu irmão. A garota estava debruçada em Alaska que por sua vez ria sem parar. (Esses dois não param nunca? Cadê aquela coisa de amor fraternal?) Revirei os olhos e voltei a minha atenção para a figurinha, abri minha mochila guardando-a juntamente com as outras que já tinha. O sussurro que invadia a cabine parou e logo ouço Alex me chamando, pedindo perdão pelo comportamento histérico da irmã. Sorri para o garoto e respondi: - Sem problemas, sei bem como são essas coisas. Ta vendo aqui do meu lado, essa coisa muda,que parece não ter língua? Então, meu primo. Brigamos quase todos os dias. Terminei de falar dando careta para o Tyler, que por sua vez não viu, pois estava dormindo. Alex falará alguma coisa para Meena, mas não havia prestado a atenção, pois tinha me distraído com certos pensamento a respeito do Tyler. Sentei virada para a mesa e pus os braços sobre a mesma, rasgando alguns papeis de doces que ali estavam. Percebi que Alex me olhava de um jeito estranho, não tinha certeza, mas logo ouço o menino perguntar o meu nome. Semi cerro os olhos para ele e com um ar de desconfiada o respondo: - Meu nome é Selene. Selene Hans MacNeil. Prazer em conhece-lo. Respondi revirando os olhos para as janela.
O silêncio tomou conta do vagão, as meninas já se preparando, pegaram suas mochilas e me deram um toque, que a estão já taria próxima. Peguei minha mochila e cutuquei Tyler. - Vamos, já ta chegando sua preguiça. Acorde! 
Após o trem parar, todos começaram a sair na expectativa de como seria a nossa cerimonia. Alaska e Meena saíram na frente, com os passos apressados, não entendi muito bem o por que de tanta pressa, mas deixei pra lá. Depois o Alex, que me cumprimentou e seguiu com uns colegas, e por sua vez desaparecerá no meio de tanto aluno. Acabei ficando para trás com o meu primo chato, Tyler. Não vi outra alternativa a não ser ir com o mesmo até o castelo. Enfim, não queria chegar sozinha no meu primeiro dia.
Olhei para trás e vi aquela enorme locomotiva, já quase vazia. (Olha o tamanho disso, não é atoa que carrega tantos sangues ruins..) Pensei em um tom de desprezo.