Luxor Las Vegas

>> In Vegas <<

Olho para os lados para atravessar a rua, acendo o cigarro e sem querer deixo cair o isqueiro no chão. "Que azar..." Sinto a brisa noturna bater em meu rosto, o céu reflete algumas poucas estrelas no chão molhado da garoa que se passara minutos antes de eu sair do Hotel. Carros passam, pessoas andam pra lá e pra cá, era o dia mais agitado de Las Vegas desde que cheguei aqui há três dias, para passar as férias me afundando em jogos, bebidas, cigarros e mulheres. Eu era um especialista em Blackjack e já tinha sido expulso de cinco cassinos aqui em Vegas, eles me acusavam de ganhar demais. Qualquer tipo de jogo da sorte, se você se esforçar muito, você consegue virar a sorte para o seu lado, já o Blackjack o que vai para o seu lado são as estatísticas, e é claro: muito treino em contar cartas mentalmente. Como era a minha última noite em Vegas, e eu já havia realizado o check-out em Luxor, resolvi que seria a hora de jogar neste casino.
Traguei o cigarro mais algumas vezes, vício do qual eu já havia tentado me livrar várias vezes em vão. Atravessei a rua, jogando a bina no bueiro e tirando um aromatizante bucal do bolso, borrifando-o em minha boca. Entrei no cassino com uma expressão leve, tentando passar a impressão de que era novato nesses tipos de jogos. Esperei na fila pacientemente e empurrei dois mil dólares trouxas para a mulher, que me deu as fichas. A aposta mínima naquele lugar era de vinte dólares, então eu sabia que deveria apostar cem vezes mais, matematicamente falando é o número mais favorável para quem vai jogar 21. Olhei em volta e não pensei muito, sentei em uma mesa aleatória e comecei minhas apostas. Ganhava algumas vezes, perdia outras, mas sempre consciente dos números a favor, este era um jogo difícil porque haviam oito maços de baralho, porém nada que me assustasse muito. "Já vi piores... +20, +18, +25..." Quando o baralho começa a ficar o que eu chamo de "quente" (com cartas altas) eu começo a fazer apostas cada vez mais altas e sempre as ganho.
Após uma hora do baralho ter ficado quente, um homem que trabalhava ali começa a puxar assunto comigo, e mais as pessoas da mesa e começa uma música no fundo. Era a hora da distração. Dou um sorriso faceiro, converso com todos como se eu não tivesse concentrado em meu jogo, mas eu estava. Continuei ganhando as apostas e quando já tinha quinze mil dólares trouxas, me retiro do cassino antes que me expulsem. Era sempre assim, aparecia alguém para conversar comigo e se eu continuasse ganhando por muito tempo alguém iria me tirar de lá. Como eu gosto desse cassino e deste hotel, preferi sair antes, com minha já gorda vantagem em mãos.
Vou para o bar e peço um whisky 12 anos. - Cowboy, por gentileza. Viro o copo como se fosse água e peço o segundo copo, este eu degusto cada gota, bebendo bem devagar. Olho por um instante em minha volta e vejo várias mulheres dançando, mas nelas eu não tenho interesse esta noite, quem sabe da próxima vez que vier aqui. Após passar das cinco horas da manhã, uma mulher senta-se ao meu lado e pede um drink com frutas. Eu pago todos os meus whiskys e martines da noite e mais a bebida daquela moça, que parecia incrivelmente preocupada com alguma coisa alheia.
Vou andando devagar, bêbadamente mas consciente de todos os meus atos, uma noite de bebidas não iria me derrubar, estava acostumado com tudo isso. Vejo o dia amanhecer e dou sinal para um taxi, que para prontamente. Sento-me no banco de trás e peço ao homem barbudo e aparentemente mal cuidado para que me leve até a rodoviária, e assim acontece.
Saio dali.

And it makes me feel so fine I can't control my brain.

Do you have a plan my dear?